domingo, 31 de maio de 2009

Desatinos....


Desatinos....

É noite.. ele se despede de sua namorada...
Ela tão atenciosa, dentro do seu possível, fazia de tudo para acalmar teu coração... (ele nunca tinha entendido o valor disso)...
Ela morava numa cidade próxima, 35km de onde ele morava. Ele saíra tarde, mas não era na verdade isso que o fazia correr... ele queria fugir... ele queria se libertar daquilo que inflamava seu peito...
Se dirigiu à saída da cidade... correndo na madrugada... nem sua jaqueta grossa nem seu capacete o protegiam do frio cortante...
Alheio a tudo... viajando nos devaneios de sua mente.. ele só acelerava... os carros passavam como fachos de luz... as pessoas não lhe chamavam a atenção.. os buracos nas ruas eram divertidos obstáculos que ele nem sabia mesmo se queria desviar...
A moto se dirigiu para a rodovia e com ela vinha o breu da noite, nem mesmo assim ele deixava de acelerar.Não era mais para sentir emoção ou para testar os limites da sua máquina, aquilo tudo tinha um sombrio propósito.
Ele parecia querer antecipar o destino que é igual a todos.. o fim...
Era amargo o gosto q vinha na sua boca, era forte o aperto no peito. Ele buscava tudo, ele havia acreditado, e por acreditar, acabou se fechando para o que dê mais importante tinha. É irônico, como as vezes, até as boas intenções precedem um desagradável acontecimento. Ele nunca aceitou algo tão óbvio...
As curvas eram fechadas.. a noite escura, a estrada reservava uma surpresa no fim de cada curva, no limite e até além dele ele rasgava as retas e curvas, mal enxergava a estrada na noite; teus olhos, em meio às lágrimas, viam pequenas marcas brancas no meio da pista. Quando o “desejo” lhe era mais forte nas retas ele tentava enxergar ao máximo o horizonte, então apagava as luzes e desaparecia no meio da escuridão... nada mais se via naquela estrada e por mais que o medo pudesse aterroriza-lo o sórdido prazer do desafio o mantinha seguindo...
Por tantas vezes ele fez isso, por tantas vezes fechado em seu mundo, ele viveu seus turbilhões de emoções; até aquele momento ele não entendia que a liberdade que ele queria não seria resolvida com o fim de seus dias.
Nunca mais ele desafiou o seu destino...

Alex Sandro


01/06/2009

sábado, 30 de maio de 2009

“...O poeta não morreu... foi ao inferno e voltou...”



Era madrugada, noite fria, escura...
A visão ainda era turva, em meio às lágrimas que ainda teimavam a correr pelos olhos tristes ele mais uma vez voltava à realidade...
Nesses últimos meses ele havia mudado tanto. Não mais sorria, chorava pelos cantos ou à sua mesa de trabalho enquanto a sua sala estava vazia...
Todos estavam à sua volta, alguns pareciam sentir que algo estava diferente outros achavam que era mais um de seus “charmes”... no entanto.. dentro de si a tempestade estava à todo vapor. Tempos atrás, ele (poeta), tinha uma outra dimensão do que era o “Amor”, no entanto, a vida pôs toda sua “crença” à prova...
Nesses dias revoltos preenchido de uma solidão aterradora ele perdeu a fé naquilo que era sua força motora...
Havia amado por tantas vezes e sofrido tantas outras... mas dessa vez não, dessa vez ele não entendia porque essa “perda” doía tanto dentro do peito.
Por tantas vezes ele “desacreditou” bem mais do que podia... por tantas outras a – vida – lhe deu outra “chance”.
Até então, entre lágrimas e delírios doentios, ele olhava tudo por um único prisma... assim foi passando o tempo... o sufoco e a dor só aumentavam e o que era tormento começou a lhe tirar a sanidade...
Não... não era sonho... era pesadelo em vida real, a dor insistente diante da impotência dos fatos, nada mais estava ao seu comando, lágrimas, pensamentos, dor, devaneios, dor... dor... dor...
O “eco angustiante” não cessava, parecia que o universo havia conspirado a favor da loucura!! Todos os caminhos o levam ao fundo do poço...
Nenhum fator externo mais lhe era positivo, se sentia sufocado, angustiado preso ao próprio corpo comandando pela loucura mais negativa dos sentimentos. Nada mais lhe dava prazer.
Até então ele via poesia nos bons e maus momentos... agora as linhas ficavam rabiscadas, em teu caderno rabiscos sombrios, na tua mente, idéias deturbadas. Porém uma guinada lhe trouxe de volta à realidade... então ele entendeu que havia se perdido... sua fé se perderá pelo fato de não aceitar que amores vêm e vão... e pro poeta o que fica é a essência do sentir.. e não o toque de quem se ama...
Abraçando o travesseiro uma última lágrima cai...poderia não ser o fim do “inferno” mas era o rumo do caminho de volta...
Então o poeta adormeceu com a certeza que tudo ainda vale à pena.. mesmo que as pessoas, com seus atos, tentem fazer parecer o contrário...
Talvez ele volte a sonhar...

Alex Sandro 30/05/2009 22:34hrs